7 de julho de 2010

NOSSO SENTIDO DE UTILIDADE

Nossas relações humanas são fortemente marcadas pelas regras da utilidade. Somos o que fazemos. Boa parte do nosso tempo é investido em nosso aprimoramento técnico, profissional. Coisas que estão ligadas ao nosso desempenho como profissionais.


O grande problema não é investir no aprimoramento técnico, mas sim em não saber viver as transições naturais do processo da vida. Não seremos eternamente jovens, competentes e úteis. Haverá um momento em que alguém nos substituirá, porque cumprirá melhor as exigências do que fazemos.


Chegará o momento em que teremos que sair de cena. É nesta hora que precisamos assumir uma outra forma de competência. Teremos que lidar com nossa inutilidade e esbarrar em nossa humanidade, sem os atrativos de tudo o que foi útil em nós.


Será o tempo de redescobrir os significados antigos, as coisas para as quais não tivemos muito tempo , mas que condensam possibilidades bonitas que precisamos explorar.


Quando pautamos nossa vida a partir de nossa utilidade, corremos o risco de nos desprender de nossos verdadeiros significados. É muito comum as pessoas se ocuparem de constantes aperfeiçoamentos técnicos. Mas é raro encontrar pessoas cuidando do futuro a partir de outras preocupações, como o cultivo de laços fecundos .


Precisamos, ao longo da vida, fazer-nos a pergunta cruel : Depois que perdermos a utilidade, quem vai querer continuar ao nosso lado ? Será que estamos bem posicionados entre os horizontes da utilidade e os horizontes do significado ?


Texto retirado do livro : QUANDO O SOFRIMENTO BATER A SUA PORTA